Eu só queria te fazer sorrir. Fazer com que - em meio a tantos desalentos, tantas angústias, e razões lastimáveis que, inevitavelmente, aconteciam- encontrasses algum motivo para se levantar. Equilibrar-se em um substrato que de tal forma sequer existia. Que estava apagado, disforme. Porque, em sua mente, o concreto e o abstrato já haviam assumido um aspecto único e indissociável. Que se sublimava a todo o momento, a todo instante. E a verdade era, tão somente, que não havia mais certezas, não havia mais convicções. Era tudo síntese. Um somatório de causas e razões dos mais diversos tipos. Incoerentes e coerentes. E nem tudo mais era realidade.
Queria poder te ajudar. Poder fazer-te acreditar em dias mais ensolarados, até em outras possibilidades. Por mais distantes que elas estivessem, por mais utópicas que elas se conformassem. Queria resgatar-te do abismo, formatado pelo tempo e fazer-te crer que, ainda, é possível acreditar. Porque eu também consegui. Lembro-me bem que eu costumava segurar a tua mão e apertava-a bem forte, entrelaçando nossos dedos, a fim de te manter mais segura. Daí, eu te levava a um longo passeio, condensado naquela efemeridade de instantes, que tu afixavas os teus olhos nos meus. Como uma forma de suporte ou mesmo uma viga de concreto metafórica. Porque tu mesma me dizias que eu era, por vezes, a garantia de retificar as tuas mais falhas ideologias. Tuas mais falhas certezas. E, por fim, levava-te ao encontro dos teus próprios sonhos. Para mostrar-te o mundo que aguardavas. Que te esperava, tão arquitetado, tão mais sublime e avesso, inclusive, àquelas tonalidades cotidianas clichês. Era, nós viajamos constantemente, e confesso que eu fazia isso para mostrar, também, a mim mesmo que era possível acreditar. Acima de qualquer dificuldade. Acima de qualquer utopia.
E quantas vezes eu te pedi, quantas vezes, incansavelmente, implorei pelo teu bem estar. Como se isso fosse algo voluntário de se obter. Como se tivesses o próprio controle do teu estado sentimental e pudesses fazer como que o mundo girasse modulado em torno de tua própria freqüência. Tu eras tão vulnerável, tão frágil e eu não sabia. E as minhas tentativas falíveis de fazer-te bem mais harmônica, ao te pedir que soltasses mais os cabelos, presos por trás das orelhas. Que mudasses a cor do batom, para sentir-se mais atraente. É verdade, as minhas loucuras tinham fundamentos. Mas apesar de estar longe, querida, teleporto-me, constantemente, para bem perto de ti, sem que saibas. Para perto dos teus sonhos. E digo que permanecerei bem aqui. Nesse lugar bonito que tu viesses comigo em um dos nossos passeios. A tua espera. E, sobretudo, acreditando.
Que declaração mais linda, que relato mais lindo, mais delicado. Escreva e remeta a ela, seja ela quem for. Acho que a ajudaria a acreditar nas coisas delicadas da vida novamente.
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